Fadiga no trabalho noturno: O que os dados de saúde revelam?

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André Soares

Diretor de Saúde e Co-fundador

A fadiga em turnos noturnos representa um risco significativo para a segurança e o desempenho dos trabalhadores. Ao longo da jornada de trabalho o colaborador precisa tomar decisões, embora influências (internas, externas) do contexto laboral. O seu comportamento seguro está diretamente relacionado à teoria de Herbert Simon, que, conforme Viale et al (2023), modelam as ações humanas diante da resolução de problemas que limitam sua adaptação. Hjeij e Vilks (2023), afirmam que decisões são impactadas pelo tempo, recursos mentais e informações, por isso, a teoria serve como uma base inspiradora para as tecnologias atuais, pois as pessoas não possuem acesso nem processamento para uma decisão completamente racional. Fato que é reforçado por Glimcher (2022), quando o mesmo afirma que a escolha é eficientemente irracional. 

Dessa forma, a análise da variabilidade da frequência cardíaca (HRV) e movimentação, destaca-se por identificar momentos críticos e mitigar os impactos da fadiga. Nesse exemplo de caso, avaliamos um perfil de trabalhador de logística durante um turno de 12 horas, iniciando às 19:00, com sinais evidentes de fadiga ao longo da madrugada.


 

Identificação dos Períodos Críticos

Com base nos dados de monitoramento fisiológico apresentado, foram identificadas três janelas de alto risco:

  • 00:45 às 01:30: Após cinco horas de trabalho, observa-se uma queda na frequência cardíaca, e presença de atividade parassimpática.
  • 03:20 às 03:50: No meio da noite, a atividade parassimpática predomina, reduzindo a atenção sustentada e aumentando a probabilidade de erros.
  • 04:00 às 04:30: Momento de maior risco, com a frequência cardíaca atinge seu menor valor e soma-se a manutenção da atividade parassimpática.

Impacto da Fadiga na Frequência Cardíaca

A partir da meia-noite, a HRV em seus biomarcadores RMSSD e PNN50, revelou uma transição para o predomínio parassimpático, sugestionando a queda da vigília. Durante os períodos críticos, houve uma redução significativa na atenção sustentada, aumentando a vulnerabilidade a erros e falhas operacionais.



Monitoramento e Alertas

Os sensores vestíveis detectaram os momentos de alto risco e emitiram alertas para o trabalhador, orientando-o a tomar medidas para mitigar a sonolência. Quando essas ações foram ineficazes ou não adotadas, o sistema notifica o supervisor, permitindo uma intervenção proativa para reduzir os riscos operacionais.

Descanso e Recuperação

Entre 05:00 e 06:00, o trabalhador teve um breve período de descanso, proposital, mas manteve o uso do dispositivo o que revelou ser um período sem sono reparador. Como resultado, sinais de privação de sono tornaram-se evidentes por volta das 06:00, através do aumento da variação da frequência cardíaca e biomarcadores, demonstrando a dívida de sono acumulada.

Conclusão

No final do turno, às 07:00, o sistema ainda identifica sinais de fadiga e privação de sono. A análise da VFC ao longo da jornada permitiu compreender a relação entre fadiga e desempenho, reforçando a importância do monitoramento contínuo. A combinação de sensores vestíveis, alertas automatizados e supervisão ativa é essencial para prevenir acidentes, otimizar a segurança e promover o bem-estar dos trabalhadores em turnos prolongados.

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